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Para Leitores

[Resenha] As Brumas de Avalon – Marion Zimmer Bradley

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Sinopse

A lenda do Rei Arthur contada sob a perspectiva do sagrado feminino narra a jornada de Morgana, sua meia-irmã e sacerdotisa de Avalon, uma mulher criada para servir à Deusa e representá-la na Terra. Seu objetivo é manter as tradições do país mágico e impedir o domínio da Igreja Católica na região.

Resenha

Eu não conheço a história original do Rei Arthur, tudo que sei conheci por alto, mas gosto muito de narrativas que evidenciam personagens coadjuvantes. Morgana e Arthur são nascidos da mesma mãe, Igraine, cuja irmã, Viviane, é a Senhora do Lago, a autoridade maior de Avalon.

No começo do livro conhecemos Morgana bebê aos cuidados de uma mãe muito jovem que fora dada em casamento a um cavaleiro real por mera conveniência política. Contudo, Viviane tem outros planos futuros para Igraine, sendo um deles trair o marido com o herdeiro do atual trono e assim gerar um filho que no futuro governará em favor da Bretanha e de Avalon.

“− Quanto mais velho fico, mais tenho certeza de que não faz diferença quais palavras usamos para dizer as mesmas verdades”.

Toda a artimanha de Viviane é para barrar o poder da Igreja Católica e evitar que a região tenha um rei unicamente cristão, colocando no trono um descendente dos dois países, que deverá governar de maneira imparcial sobre os dois.

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Esse é um livro bem extenso, de quase mil páginas, e acompanhamos Morgana na sua infância e adolescência sendo treinada por Viviane para sucedê-la no trono de Avalon, até a vida adulta quando vagueia entre um reino e outro, fazendo a ponte entre os dois mundos ao mesmo tempo que lida com suas obrigações de sacerdotisa, que muitas vezes colocam em jogo suas paixões e seus remorsos, e a coloca várias vezes em crises existenciais.

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Eu entendo que esse livro tem como tema principal a intolerância religiosa. Morgana não é bem vista em lugar nenhum por causa de sua magia. Constantemente, é taxada por bruxa, demoníaca, feiticeira, e todos os cristãos torcem o nariz em sua presença. Por outro lado, os habitantes de Avalon são pagãos que não deixam a desejar na soberba e no desdém com a crença alheia, sempre se achando superiores. Isso foi o que me cansou. Esse embate interminável marcado por deboches, ironias, e lições de moral o tempo inteiro.

“A flor e até o fruto são apenas o começo. Na semente está a vida e o futuro”.

Contudo, tenho que reconhecer a construção sólida dos personagens e a boa estrutura que se manteve durante a narrativa inteira. Em um texto dessa extensão a autora não titubeou em nenhum momento, nem mesmos nos detalhes, e você se sente imerso na história. Vê-se na Inglaterra da Idade Média viajando a cavalo de um lado para o outro, sentindo o sabor das comidas preparadas de um modo peculiar, absorvendo a tensão nos momentos conflituosos e até mesmo se admirando com o porte dos reis e rainhas.

O filme dessa obra data de 2001 e foi transmitido em formato de minissérie pela TNT.

As Brumas de Avalon foi um marco na história da literatura fantástica, mas carrega um lado triste também. A autora, Marion Zimmer Bradley, e o marido foram acusados pela filha de pedofilia e abuso sexual. Moira Greyland escreveu The Last Closet – The Dark Side of Avalon onde conta o que acontecia com ela e outras crianças. O pai de Moira foi preso e não encontrei informações sobre Marion acerca da acusação. Ambos morreram na década de 90.

Sobre a autora

Marion Zimmer Bradley nasceu no estado de Nova York, Estados Unidos, em 1930. Começou sua destacada carreira como autora em 1961, com seu primeiro romance, A Porta através do Espaço. As Brumas de Avalon, primeiro livro do aclamado Ciclo de Avalon, foi a obra de maior sucesso da carreira de Bradley. Recebeu o Locus Award em 1984 na categoria Melhor Romance de Fantasia e está entre os mais vendidos da revista Locus há anos. Bradley morreu em 1999. (Fonte: As Brumas de Avalon, edição Planeta, 2017)

Sobre o livro

Título: As Brumas de Avalon #1
Autora: Marion Zimmer Bradley
Ano: 2017
Editora: Planeta
Páginas: 968
Avaliação: 2/5

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Escritora, jornalista e leitora assídua desde que se conhece por gente. Escreve por achar que a vida na ficção é pra lá de interessante.

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Sabryna Rosa