Resumo Mary Lennox é uma garota de dez anos que nasceu e cresceu na Índia. Filha de pais ingleses ausentes, Mary é criada por empregados, mas desenvolve um comportamento mal-educado e distante. Quando um surto de peste bubônica a deixa órfã, ela é enviada à Inglaterra para viver com seu tio, um homem reservado que mora em uma enorme mansão cheia de mistérios, incluindo um jardim secreto. Resenha: O Jardim Secreto (Contém Spoilers) Uma leitura para ensinar virtudes A primeira característica que precisamos ter em mente sobre O Jardim Secreto é que se trata de um livro infantil, voltado para ensinar virtudes às crianças – na mesma linha de Mulherzinhas,…
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Resenha de Frankenstein: análise do clássico de Mary Shelley
Sinopse Victor Frankenstein, protagonista do clássico Frankenstein, de Mary Shelley, é um estudante de Ciências Naturais que ambiciona ultrapassar as descobertas científicas ao infundir vida em um corpo inanimado. Essa obra, também conhecida como Frankenstein ou o Prometeu Moderno, explora as consequências do orgulho e da busca pelo conhecimento sem limites. Resenha Por que Prometeu? O título que Mary Shelley deu ao livro é Frankenstein ou o Prometeu Moderno. Prometeu é uma figura mitológica que teria roubado o fogo do Olimpo para dar à humanidade, sendo punido por desobedecer às ordens de Zeus de privar os homens desse elemento. Em outra versão do mito, Prometeu criou um homem de barro…
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O descontentamento infinito
Há um comportamento comum em crianças pequenas que se apresenta na seguinte cena: ela diz que gostaria de comer uma banana, então um adulto entrega a banana a ela, inteira e com casca, e, a depender da idade, com as próprias mãozinhas ela abre o envelope amarelo e come; às vezes, a criança recebe a banana descascada, porém inteira, e recusa, pois seria melhor se estivesse cortada, então o adulto corta a fruta em rodelas; o pequeno ser humano esperneia porque os pedaços são muito grandes e devolve o prato, recebendo de volta com pedaços menores; não satisfeita, ela diz que quer mesmo é a banana amassada. Ao ver na…
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[Conto] Eu me sinto vivo
Estou deitado sobre um colchão desconfortável que não se parece em nada com o meu colchão. Lembro quando a Júlia me mostrou o encarte da loja de móveis e me falou sobre o quanto valia a pena investir em um bom colchão e eu fui categórico em negar, não havia a menor possibilidade de pagar aquele valor em uma cama. Mas quando ela insistiu e me levou até lá para que eu visse com meus próprios olhos, ou melhor, sentisse com meu próprio corpo… ah, tudo mudou. Ela tinha razão, valia a pena comprar um bom colchão, então eu não sei o que estou fazendo deitado neste aqui. Hoje é…
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[Conto] Como nossos pais
Houve uma época da minha vida em que eu tinha sonhos inusitados. A primeira vez aconteceu naquele verão em que viajamos para o litoral. Eu morava a trezentos quilômetros da cidade dos meus pais e, sempre que podia, visitava-os nos feriados. Era carnaval, e escolhemos uma pousada simpática, longe dos blocos de rua e perto do barulho das ondas. Sentados na areia, eu conversava com meu pai quando minha mãe voltou de algum lugar com cinco pequenas e bonitas conchas nas mãos, animada e se achando sortuda por ter encontrado não conchas quaisquer, mas conchas peroladas, com listras marrons e uma ou outra de um laranja brilhante. Eram realmente lindas,…
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A sujeira embaixo do tapete
Aos dez anos de idade, em certa ocasião, levei um “puxão de orelha” da diretora da escola na frente da turma inteira. Ela era uma mulher alta, negra, de cabelos crespos curtos e com fama de durona. Aliás, era por causa dela que os pais escolhiam aquela escola, por manter os alunos na linha. Mas naquele episódio eu não havia feito nada (nem em qualquer outro, pois sempre adotei o estilo boazinha) e fui punida com uma humilhação em público. A vergonha diante dos colegas se misturou com a indignação do castigo injusto e eu vivi a minha primeira experiência com o rancor. Eu não acredito que os signos possam…
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Como marcar livros – técnica do grifo
Este é o primeiro artigo de uma série de publicações em que eu explico como faço uma leitura ativa nos meus livros. Por leitura ativa podemos entender como a leitura em que se interage com o texto por meio de grifos, marcações e anotações, explorando o conteúdo de modo mais efetivo. Técnica do grifo Grifar o texto é talvez a prática mais comum entre os leitores. Usada para destacar partes importantes, citações que chamam atenção ou trechos que serão usados em outros materiais. Para livros de ficção e não ficção, utilizo um marca-texto, uma caneta de ponta fina (no estilo das Stabilo) e uma caneta comum, aplicando de forma diferente…
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#30 Daqui para frente sem olhar para trás
Há mais de um ano venho me preocupando com o dia do fatídico aniversário de 30 anos. Foi ontem. Um dia comum em que fiz faxina em casa, terminei a leitura de de um livro, cozinhei apenas para mim, vi TV, arrumei-me e saí para encontrar os amigos. Mas também fiquei triste, senti-me solitária, dei brecha para uma crise de ansiedade e me vi desesperançosa. Em um O Grande Gatsby, Nick faz a seguinte reflexão no dia do seu aniversário: “Trinta anos… a promessa de uma década de solidão, um número cada vez menor de amigos solteiros, cada vez menos esperanças, os cabelos começando a cair… Porém, do meu lado…
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#29 Diversão
Nunca gostei de baladas, de festas e de bebidas, entrei na juventude com o espírito morno de quem acha a música alta demais, o lugar cheio demais e o conforto menos demais. Definitivamente, horas em pé não é para mim – mas ainda me submeto vez ou outra em um show de um artista do qual eu gosto. Sempre preferi os lazeres que convidam à contemplação. Cinema, literatura, espetáculos de teatro, atrações em que você precisa estar atento para se entreter. Não digo que são melhores ou piores do que as baladas, são apenas diferentes. Para algumas pessoas, o êxtase está em sacudir o corpo no ritmo da batida e…
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#28 Uma nuvem no céu
O dicionário conceitua epifania como percepção do significado essencial de alguma coisa, ou pode ser compreendido também como manifestação ou aparição divina. Ouso dizer que tive uma epifania quando olhei para uma nuvem no céu e senti mais do que nunca a presença de Deus. Parece meio cartunesco inferir que Deus está sentado sobre uma nuvem, mas aquela foi uma visão muito clara para mim de que Ele estava por perto. Nem sempre mantive uma vida religiosa. Por muito tempo, fui aquele tipo de sujeito que dizia “basta ser uma pessoa boa, não precisamos de Igreja para isso” seguido de uma risadinha soberba e vazia. Vazia porque hoje eu sei…