livro howards end
Para Leitores

[Resenha] Howards End – E. M. Forster

Sinopse

Inglaterra, século XX. Margareth e Helen são duas das três irmãs da família Schlegel. Convidada a visitar Howards End*, propriedade da família Wilcox, Helen tem um breve romance com Paul, o irmão do meio. A partir daí, as duas famílias terão suas vidas interligadas mais de uma vez, e Howards End*, como sugere, será onde tudo começa e também onde tudo termina.

Resenha

Tanto os Wilcox quanto as Schlegel fazem parte da alta sociedade inglesa. Margareth e Helen, juntamente com seu irmão Tibby, são órfãs e herdeiras de uma fortuna deixada pelos pais. As duas têm uma rotina tranquila, cuidando da casa, do futuro do irmão caçula, absorvendo cultura através da leitura de livros e assistindo a concertos, decidindo se irão visitar a tia Juley neste ou naquele fim de semana, ou em que casa vão morar na próxima estação. Preocupações simples e corriqueiras.

Do outro lado, Henry Wilcox é um homem de negócios. Casado com Ruth e pai de Charles, Paul e Evie, ele tem sua própria empresa e é dono de várias propriedades.

“− Pode-se romper um relacionamento devagar? – Seus olhos se iluminara. – Do que é que a senhora acha que é feito um relacionamento? Acho que é feito de material duro, que pode estalar, mas não quebrar. É diferente de outros laços da vida. Eles estiram ou dobram. Admitem graus. São diferentes”.

Temos ainda um personagem que, embora seja de uma classe mais baixa, e, portanto, não circule nos mesmos ambientes que os demais, será o ponto chave dessa história. Tudo começa quando Helen leva seu guarda-chuva por engano na saída de um concerto. Margareth, tentando desfazer o mal-entendido, leva o dono do guarda-chuva, Leonard Bast, até a sua casa, onde os três saem da condição de estranhos, para conhecidos e, no futuro, conhecidos próximos.

Um dia, em conversa com Henry, as irmãs ouvem que a firma onde Leonard trabalha está em estado de falência e quase fechando as portas. Sentindo-se no dever de ajudar um homem que sobrevive daquele trabalho, as duas repassam a informação e recomendam que Bast procure outro emprego. Confiando nas amigas, e de certa forma lisonjeado por ser amigo, ele assim faz, mas uma reviravolta no mercado faz com que a antiga empresa reverta seus prejuízos, e, por um azar do destino, ele é demitido do novo emprego.

“Margareth, porém, continuou a andar. Por que deveriam os motoristas conversar com a moça? Mulheres se protegendo atrás de homens, homens se protegendo atrás de criados – todo o sistema estava errado e ela tinha que contestá-lo”.

Helen sente-se culpada, mas Margareth acha que foi apenas um infortúnio. Aqui, na minha opinião, começa a crítica real do livro. Antes, o autor vem sutilmente preparando o terreno. Os personagens em boas condições de vida constantemente conversam, debatem e opinam sobre a condição dos pobres na sociedade. Uns, convenientemente mais conformados, dizem que sempre existirão os ricos e os pobres, e nada pode ser feito a ser respeito. Outros, como as Schlegel, ainda nutrem uma certa consciência social e reconhecem seus privilégios.

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Quando Leonard se vê em maus lençóis, sem ter como sustentar a si e a esposa, poucos estendem a mão para ajudá-lo, sendo Helen uma das poucas que faz isso, chegando a tirar uma boa quantia de seu patrimônio para socorrê-lo.

O tema principal é a crítica aos ricos e seu descaso com os menos favorecidos. O conforto que a classe alta sente e como ela se isenta de qualquer parcela de contribuição para que a disparidade seja pelo menos mais branda. Porém, além disso, há pinceladas largas sobre o papel da mulher na sociedade. Cenas em que a figura da mulher é posta em xeque, mas também cenas em que elas se impõem e questionam certas reações que são mais rígidas apenas porque são direcionadas às mulheres. Um livro espetacular de todos os ângulos

filme howards end

O filme (IMdb 7.4/10), lançado em 1992, ganhou três Oscars, entre eles o de Melhor Atriz para Emma Thompson, pelo seu papel como Margareth. Howards End recebeu ainda outras indicações, como a de Melhor Filme.

Sobre o autor

Edward Morgan Forster nasceu em Londres, em 1 de janeiro de 1879. Sua ficção coloca em evidência o conflito que nasce da relação entre os que vivem guiados por suas paixões e instintos, e aqueles que obedecem antes de mais nada aos imperativos das convenções sociais. Seu estilo sutil, onde misturam-se ironia e lirismo, transformou E. M. Forster, falecido em junho de 1970, num dos romancistas mais importantes da moderna literatura inglesa. (Fonte: Howards End, Edição Ediouro, 1993).

Sobre o livro

Título: Howards End
Autor: E. M. Forster
Editora: Ediouro
Ano: 1993
Páginas: 363
Avaliação: 4/5

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