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Para Leitores

O mundo real não é instagramável, mas bem que poderia ser

Todos nós que crescemos com computadores de mesa e internet discada sabemos que isso aqui passou de um mundo novo e interessante para um quase lamaçal de críticas, ofensas e insalubridade. Por isso, é difícil achar um espaço online onde você possa colocar uma cadeira de praia e apenas observar a vista.

Um desses poucos lugares é o Pinterest (se quiser me acompanhar por lá é só clicar aqui), uma rede social de fotos bonitas e comentários – muito embora eu já tenha aberto minha aba de comentários e encontrado muita gente esbravejando lá por conta de um pin meu. O Pinterest é um oásis em meio ao caos urbano que é a internet. Você passa alguns minutos por lá e a vontade de deletar todas as redes sociais até desaparece.

Moro em uma capital do Brasil com seus sabores e dissabores como qualquer outra. Um dia desses, uma usuária do Twitter comentou que por aqui não há muitos bons lugares para você sentar e ler um livro, trabalhar ou estudar. Concordando com ela, indiquei um local onde três dias antes eu pedi um café, um bolo amanteigado delicioso, e fiquei durante uma hora lendo Grandes Esperanças

O comentário da garota foi despretensioso, nem chegou a ser uma crítica à cidade, mas gerou uma enxurrada de outros comentários irônicos e grosseiros. “Por que não fica em casa?”, “Que tal alugar um coworking?”, “Se você quer ir a um restaurante só para ler seu livro, sem consumir, vai acabar falindo o empresário!”, e o melhor deles: “Onde você acha que está, na Europa? Isso é viralatismo, coisa de quem acha que está no Pinterest”.

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Agora vejam só, quem nos dera habitar o Pinterest pelo menos uma vez na semana, acordar de manhã com o sol batendo na janela, cheirar as flores em cima da mesa de madeira da cozinha e preparar um café enquanto põe um disco de vinil para tocar. Sair na rua e ver uma criança feliz com seu balão, atravessar na faixa de pedestre com o motorista esperando tranquilamente o sinal abrir e chegar ao trabalho que tem uma vista linda para cidade. À noite, abrir uma garrafa de vinho e cobrir os pés com aquele cobertor quentinho. Olhar as luzes lá fora e não ter nada de ruim acontecendo no mundo.

Assim como o Pinterest é um pequeno respiro de ar puro na internet raivosa, uma cafeteria charmosa onde você possa ler um livro, ver pessoas diferentes, tomar um chá de um sabor novo, talvez seja o único momento de paz de alguém. Afora as questões comerciais e urbanas que rondam essa questão, não vejo problema em desejar trazer um pouco da magia dos Pins para a vida real. Por algumas horinhas, quem sabe, apenas ter uma vida fotográfica.

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Escritora, jornalista e leitora assídua desde que se conhece por gente. Escreve por achar que a vida na ficção é pra lá de interessante.

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Sabryna Rosa