Eu queria ver a Terra girar.
Dizem os especialistas em sucesso pessoal: você precisa ser confiante no processo, acreditar em si mesmo e ser constante. Eu confio no processo, às vezes acredito em mim mesma, mas definitivamente luto para ser constante.
Sempre tive dificuldade em trabalhos repetitivos, minha mágica acontece quando eu preciso criar algo ou fazer surgir uma boa ideia. Sou boa em desenhar móveis de madeira, mas não sirvo para bater o mesmo prego por vinte dias seguidos. A inconstância me leva a percorrer o caminho pela metade e é desanimador olhar para frente e não ter mais nenhuma vontade de continuar.
Não adianta ir contra a realidade: nada de grande pode ser conquistado sem muito se suportar; e o suportar muitas vezes é isso mesmo, fazer a mesma coisa todos os dias. O sucesso não é levar a grande pedra até o topo de uma vez só, é treinar um pouquinho a cada dia, uma pedra mais pesada por vez, até conseguir a maior delas. Na maioria das vezes eu quero desistir assim que começo a suar demais.
Estou há anos trabalhando em um projeto e tenho a sensação de que continuo na base da colina com cinco unidades de pedras britas na mão. Olho para o topo e ainda falta muito. Olho para a pedra grande que me espera e tenho quase certeza de que não vou conseguir carregá-la. O preço da constância é alto. A constância te espreme até não sair mais nada e termina dizendo “amanhã tem de novo”.
Sabe quem é constante e não se cansa? O planeta Terra. Um pouquinho a cada dia, ele vai girando, girando, até dar uma volta completa. Ninguém vê o planeta girar, só vemos os fogos de artifício no céu e sabemos que é Ano Novo. No dia seguinte, começa tudo outra vez. Tenho pesadelos só de pensar, nesse momento, em começar de novo.
Eu queria ao menos saber se estou girando na direção certa e se meu ano novo irá chegar. Eu queria ver a Terra girar só para ter certeza.