[Resenha] O Selo do Sultão – Jenny White

Sinopse

Turquia, século XIX. O corpo de uma mulher é encontrado na margem de um rio, sem roupas e portando um colar cujo pingente carrega o selo do sultão, um selo oficial e altamente protegido. A mulher é Mary Dixon, governanta do harém, e cabe ao paxá Kamil Pasha desvendar esse caso e descobrir se ele está ligado ao assassinato de outra governanta, oito anos antes.

Resenha

Paxá é um título para funcionários de alta patentes, e essa foi uma das muitas palavras e expressões turcas que eu aprendi com essa leitura. Essa é a beleza dos livros, sabe? Você começa sem saber apontar um lugar no mapa e termina conhecendo um pouco dos seus costumes e do seu povo.

Porém, algumas histórias demoram a dizer para que vieram.

Kamil Pasha atua sobre determinada jurisdição e tudo que acontece nesse perímetro está sob sua responsabilidade de investigação. A identidade de Mary Dixon não demora a ser revelada, e a “autópsia” feita por uma parteira no começo do livro são uma das poucas cenas com rápido desfecho. Depois disso, o mistério recai sobre o colar da vítima e o que tem dentro: um poema chinês e o selo real, algo que não deveria estar sendo carregado no pescoço de uma simples funcionária do palácio.

“Não existe conceito de tempo no Oriente, ele pensa severamente. O tempo é quando você casa e tem filhos, e depois seus filhos se casam e têm os filhos deles. É assim que vidas são computadas. Entre estes marcadores, as pessoas sentam-se na sombra, bebem chá com seus companheiros e transformam as colinas de seus vizinhos em montanhas ou causas injúrias”.

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Mas Kamil tem dificuldades em reunir pistas concretas, passando boa parte do seu tempo flertando timidamente com a filha do embaixador inglês – Mary Dixon era uma cidadã da Inglaterra, por isso o caso interessa à embaixada – e parece que às vezes esquecendo do seu objetivo.

Sybil, a filha do embaixador, começa como um suposto par romântico e vai se transformando em confidente e depois em “assistente” de Kamil, mas de uma maneira muito desastrosa e ingênua. Ela quase estragou tudo, sabe? E não que eu fosse contra o romance, mas preferia que ele não interferisse no curso da investigação.

“− Como a lua e as marés, o coração humano tem muitas fases. Espere por elas. Elas não se apressarão”.

Enquanto isso, Jaanan, uma jovem de uma família influente da região, está narrando em primeira pessoa a sua história, desde a infância, e o leitor só vai entender o porquê lá pelo final. Até lá eu fiquei esperando ela e Kamil se toparem, para eu ver sentido naquele revezamento de capítulos, mas isso não aconteceu e ainda por cima metade do mistério foi revelado pela boca de Jaanan, enquanto o paxá está até agora privado destas informações.

Esse roteiro um pouco bagunçado acabou em um final com um plot twist fraquinho e um clímax com lacunas. E com isso eu não quero dizer que todo romance policial deve seguir o mesmo curso, mas que, na minha opinião, deve cumprir com o seu objetivo, e não foi o que aconteceu, uma vez que Kamil não chegou a uma solução completa do crime e muitas perguntas ficaram no ar, por falta de clareza ou porque a autora esqueceu de nos contar.

A série Kamil Pasha tem três livros e esse é o primeiro.

Sobre a autora

A antropóloga e escritora Jenny White nasceu na Alemanha e emigrou aos 7 anos para Nova York. Durant a faculdade, teve o primeiro contato com a cultura turca, do qual nasceu um interesse que permearia sua carreira acadêmica e literária. É autora de numerosos trabalhos de não ficção sobre a sociedade e a política da Turquia, onde passou três anos após concluir seus estudos. O Selo do Sultão é seu romance de estreia e foi eleito pela publicação Booklist como um dos melhores romances de 2006 e indicado ao Ellis Peter Historical Crime Award daquele ano. (Fonte: Edição Record)

Sobre o livro

Título: O Selo do Sultão
Autora: Jenny White
Ano: 2008
Editora: Record
Páginas: 388
Avaliação: 2/5

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