Uma vertente bastante popular dentro do cristianismo é a conhecida Teologia da Prosperidade, uma corrente que justifica o sucesso financeiro pelo tamanho da sua fé. Nessas igrejas, o fiel ouve que Deus tem grandes planos e muitas bênçãos, todas elas de alguma forma ligadas ao aspecto material.
Deus vai te dar uma casa, vai te dar um carro, vai te colocar em um lugar de destaque na sua carreira, você irá crescer e prosperar.
Será que vai mesmo?
Eu não questiono de modo algum a ação de Deus sobre nós, o que sempre me incomodou foi a certeza de que os bons planos de Deus são necessariamente o carro do ano, o apartamento com vista para o mar e o cargo sênior em uma multinacional. Ninguém nunca profetiza que aquele cristão vai ter um emprego de pedreiro, professor ou motorista de ônibus – bênçãos tão louváveis quanto.
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Quando paro para pensar no que Deus tem reservado para mim sempre mantenho as expectativas alinhadas à realidade, não porque a régua de Deus é baixa, mas porque é uma régua justa e certa. Não nos foi prometido nenhum tipo de deslumbre, mas a vida eterna para aqueles que creem no Salvador. Não veio para nos dizer que sempre teremos saúde, tranquilidade e água de coco gelada à beira da piscina, mas que no mundo teríamos tribulações, porém, mesmo cansados e sobrecarregados saberíamos onde encontrar consolo.
Procuro não me esquecer de que os planos de Deus podem incluir uma doença severa, um salário baixo, andar de transporte público para sempre ou, principalmente, uma vida mediana – mediana para os nossos padrões. Pode ser que Deus queira exatamente isso para você e para mim. Uma casa com móveis simples, roupas de liquidação, uma viagem de fim de semana por ano. Ele sabe que além disso pode custar a tua salvação.
Por outro lado, não é errado pedirmos por prosperidade, mais dinheiro, mais conforto e até mais prazeres – lembro de quando pedi que pudesse levar minha família em uma viagem legal e Ele atendeu! -, mas tudo que pedirmos em oração seja acompanhado da máxima “se for da Tua vontade e para salvação de minha alma”.
Ninguém gosta de desconforto, miséria ou pobreza – até mesmo a falsa humildade corrompe a nossa alma porque se transforma em vaidade – mas apenas nosso Senhor sabe do que precisamos e de quando precisamos. O que Ele reserva para nós é bom, perfeito e agradável, seja o que for. Ainda que tenhamos nossos olhos embaçados e nosso coração preenchido pela ansiedade, devemos descansar e confiar naquele que cuida de nós.
Que a vontade Dele seja soberana em todo tempo.