Bastidores

Literatura longa para uma vida breve

Um dos grandes pesares desta vida finita é a certeza de que não teremos tempo para ler todos os livros, assistir a todos os filmes, ouvir todas as músicas, contemplar todas as pinturas, esculturas e arquiteturas. Dançar todas as danças também não. Das sete artes, precisaremos escolher duas ou três que nos despertem maior interesse e nos concentrar nelas. Ou, se gostarmos de todas, usufruir um pouquinho de cada.

Eu, por exemplo, debruço-me sobre a Literatura, o Cinema e a Música. É o que preenche a minha semana, e, às vezes, tenho a oportunidade de cruzar com a Arquitetura. Escultura quase nunca, Dança idem. Dentre todas, porém, a Literatura é a que mais está presente na minha vida. Leio todos os dias, e quanto mais leio, mas me angustia saber que não poderei ler todos os bons livros do mundo. Uma angústia boa, friso, embora cause uma certa tristeza; uma angústia de quem anseia pela sabedoria guardada sob o suor de grandes mestres que compartilharam ideias antes habitadas apenas em suas mentes. Sinto-me fazendo uma desfeita, como se recusasse a sobremesa de um anfitrião que cozinhou com tanto esmero.

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Uma solução que encontrei para atenuar esse sentimento de pequenez diante da imensidão da Literatura foi eleger uma série de livros que não poderia deixar de ler. Uma lista difícil de se fazer, mas que a cada item riscado deixa em mim a sensação de dever cumprido, de que não foi em vão ter pisado nesta Terra, de que o tempo que Deus ainda me concede não se esfarela à minha frente, e de que não desperdicei a educação que recebi dos meus pais.

Quando finalizei as obras de Homero, senti-me menos oca, quase florida; a cada obra de Shakespeare, piso mais firme no chão; os textos do C. S. Lewis me ensinam com a paciência que nenhum outro professor nunca teve; Jane Austen é como uma amiga com quem converso sobre assuntos íntimos; Tolstói e Dostóievski me mostram o mundo que eu até via, mas não enxergava; Machado de Assis não me deixa esquecer quem sou.

Muitos outros ainda faltam, Dante Alighieri, José Saramago, Gabriel García Marquez, Thomas Mann… são tantos que eu não gosto nem de pensar, já bate aquela angústia de que falei.

Não sei com quantas oportunidades de cruzar com esses ainda terei – se é que terei –, mas já me satisfaz ter percorrido um bom caminho com aqueles. A minha lista começou pequena, mas sempre tem espaço para mais um.

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Escritora, jornalista e leitora assídua desde que se conhece por gente. Escreve por achar que a vida na ficção é pra lá de interessante.

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Sabryna Rosa