Sinopse
Charlotte Holmes e James Watson são descendentes do detetive mais famoso da Inglaterra e seu fiel amigo. Colegas de classe no ensino médio, os dois acabam suspeito do assassinato de um aluno e para provar suas inocências precisam encontrar o verdadeiro culpado. Durante a investigação Watson precisa lidar com a paixão que sente pela peculiar Holmes.
Resenha
Posso começar falando de como me desagrada esse fetiche em fazer de Holmes e Watson um casal. A primeira vez que me deparei com tal disparate foi na série Elementary, uma versão americana e moderna de Sherlock Holmes, onde Joan Watson (Lucy Liu) é uma espécie de dama de companhia barra terapeuta barra assistente de Sherlock (Jonny Lee Miller), um consultor da polícia de Nova York em tratamento contra o vício de drogas.
Na segunda temporada surgiu um sentimento nebuloso na cabeça de Watson e ela se perguntou se não seria um amor platônico por aquele sujeito de inteligência acima da média e sociabilidade abaixo do mínimo. Não sei se por uma resposta negativa do público ou por uma sensatez atrasada, os roteiristas mudaram o rumo dessa história e os dois voltaram a ser bons e inseparáveis amigos desvendando crimes.
Preciso abrir um parênteses e dizer que detestava essa série no começo, mas cinco temporadas depois eu já estava completamente apaixonada por esse Sherlock.
Voltando a Um Estudo em Charlotte, o pobre Watson é quem conta a história e já revela, bem no comecinho, seus sentimentos pela garota estranha e antissocial cuja família esteve sempre ligada a sua. James é um aspirante a escritor e Holmes é uma viciada em drogas que foi enviada para os EUA para ficar longe de quaisquer influências do tipo. Além de ser uma entusiasta das ciências e ter seu próprio laboratório no internato.
Bem aqui já inicia o meu incômodo com releituras. Eu vejo como uma maneira meio preguiçosa de prestar uma homenagem aos clássicos e quase sempre gera umas incongruências narrativas cuja soluções às vezes convencem, às vezes não. Neste caso, eu entendo que jovens possam usar cocaína ou outros tipos de droga, mas estar em tratamento aos dezesseis anos e tratar isso com um certo nível de normalidade me parece um pouco demais. Assim como uma adolescente ter contatos de alto nível na Scotland Yard e contribuir com a investigação da polícia americana.
Eu vejo que quando o autor reescreve um clássico e faz sua própria versão, ele tem dois caminhos: ou ser muito criativo e ressignificar todo o conteúdo ou dar seu jeito de não fugir das características originais e inventar artifícios para justificá-las.
Pessoalmente, eu prefiro as referências às releituras. Quem faz isso muito bem é Mark Haddon em O Estranho Caso do Cachorro Morto, livro onde um adolescente autista investiga a morte de um cachorro da vizinhança e como bom fã de Sherlock Holmes usa as estratégias que aprendeu com as histórias.
Por falar em investigação, a narrativa policial no livro de Brittany Cavallaro não é nada empolgante, traz uma vilã muito sem sal e apaga totalmente a figura de Moriarty.
Podem argumentar em contrário e dizer que sou ranzinza com a obra de Sherlock Holmes, mas para mim Um Estudo em Charlotte precisou de muito feijão com arroz para gerar um sentimento parecido nos fãs do detetive.
Sobre a autora
Brittany Cavallaro é poeta, escritora de ficção, e admiradora antiga de Sherlock Holmes. A autora best-seller da série Charlotte Holmes nasceu em Springfield, Illions e morou lá até entrar na Academia de Artes de Interlochen, para estudar escrita criativa. Atualmente, ela está concluindo o PhD em literatura de língua inglesa pela Universidade de Wisconsin-Madison. Brittany vive em Wisconsin com seu marido e seu gato, além de uma coleção de boinas. (Fonte: Site Rocco)
Sobre o livro
Título: Um Estudo em Charlotte
Autora: Brittany Cavallaro
Ano: 2019
Editora: Rocco
Páginas: 384
Avaliação: 1/5
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