A primeira vez que viajei sozinha senti um misto de autonomia com solidão. Era um voo de madrugada, eu não tive quem me levasse ao aeroporto e, com aquele medo que é privilégio das mulheres, saí de casa bem cedo para evitar carros de aplicativo tarde da noite.
Ainda faltavam algumas horas para o embarque e eu fiquei ali no canto do saguão observando os passageiros indo e vindo. Uma cena de que gosto muito de observar é pessoas chegando ou saindo de algum lugar – talvez por isso eu goste tanto daquela música da Maria Rita.
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Será que aquele rapaz está viajando a trabalho? O que será que ele faz? Ele gosta? E aquele grupo de adolescentes em excursão? O pai de algum deles economizou por um ano para ele estar ali ou é só mais uma viagem?
Há muitas histórias em uma sala de embarque e desembarque e às vezes eu até gostaria de contar algumas delas.
Mas cheguei ao meu destino e já com um roteiro pronto fui conhecer a cidade. Conheci um motorista de Uber muito simpático, tomei sorvete sentada sozinha num banco de um parque e fiquei com vergonha de pedir que uma moça tirasse uma foto minha.
No penúltimo dia, eu não queria mais andar só, nem jantar só e tampouco ver nada novo sem alguém para quem dizer “olha, que massa!”. Não foi uma experiência que eu gostaria de repetir, embora ser livre para fazer o que quiser seja a parte boa de uma viagem assim.
Mas, definitivamente, viajar sozinha não é para mim. Ter alguém para me acompanhar no check-in é essencial.
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