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Bastidores

#12 Como descobri a beleza de ser mulher

Certo dia, em um grupo de whatsapp, fui cobrada por estar ausente das conversas. Era um grupo apenas de mulheres, e eu, muito educadamente, justifiquei-me: “Vocês estão sempre falando sobre roupa e maquiagem, eu acho muito chato”. Se abrir a minha necesáire agora, tudo que tem dentro dela são dois ou três batons, um pó compacto, um blush e uma máscara de cílios. Tem também dois pinceis que ganhei da minha irmã – de uma coleção de vinte que eu não saberia como usar, mas ela sabe. Minha maquiagem do dia a dia é quase imperceptível de tão básica que é. Já tentei aprender a me produzir melhor, mas não tenho paciência pra meio vídeo de Tiktok sobre o assunto.

Já fui pior. Na adolescência, era meio desleixada com a aparência e apesar de hoje não ser exatamente uma [insira aqui o nome de uma blogueira muito famosa no nicho estético], já criei maior apreço pelas tais coisas de mulher. Faço as unhas toda semana, tento ir ao salão com regularidade, resisto pouco a comprar sapatos novos e adoro vestidos. Mas algumas coisas ainda são demais para mim: a sobrancelha delineada, o botox, o preenchimento labial ou as drenagens semanais. Morro de preguiça, para saber bastante honesta.

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Para quem passou uns bons anos acima do peso, malhar regularmente e fazer dieta de vez em quando é uma vitória. Diametralmente distante de se tornar uma neurose, eu apenas compreendi que existe uma diferença entre estar bem consigo mesmo e fingir que está bem para não sair da zona de conforto. Na primeira, você faz o melhor que pode e não se chicoteia quando falha; na segunda, você falha o tempo inteiro e não se chicoteia nunca. O autochicote é pedagógico de vez em quando. 

Penso que as mulheres são mais felizes quando se sentem bonitas, mas bonitas de verdade, não estou falando de se autoenganar como bonita nem de se depreciar porque não está bonitas como aquela outra mulher. Bonita no seu próprio auge, no corpo que te agrada, no seu tom de pele, com o cabelo que te cai bem, com a roupa com a qual você se sente especial e com um sapato confortável. Quando você olha no espelho e pensa que fez o melhor e está satisfeita com o resultado. 

Esse tipo de beleza ninguém rouba de você.

Escritora, jornalista e leitora assídua desde que se conhece por gente. Escreve por achar que a vida na ficção é pra lá de interessante.

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Sabryna Rosa