O evento que marcou a minha transição da juventude para a vida adulta foi perceber que seria eu por mim mesma até que as circunstâncias viessem a se alterar. Já não era mais obrigação dos meus pais prestar qualquer tipo de assistência e eu não tinha um companheiro, então tudo, absolutamente tudo, dependeria apenas de mim.
Na infância, os pais levam você até determinados lugares, cuidam da sua segurança, preocupam-se com o que você vai vestir, comer e como vai voltar para casa. Depois que cresce, você precisa pensar em cada detalhe desses, não pode apenas sair caminhando esperando que tudo se ajeite. Naturalmente, muitos de nós anseiam pela fase da independência e da liberdade – inclusive eu. Ser dono de si na integralidade é não só desejável como saudável e necessário. Todo adulto precisa tomar as rédeas da própria vida em algum momento.
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O que eu quero abordar é o aspecto sensível do crescimento. Tomar consciência de que precisa preparar o próprio café da manhã, o próprio almoço, saber escolher o amaciante com o qual irá lavar as suas roupas, ter instinto para perceber onde é ou não seguro estar, carregar as próprias sacolas de supermercado, verificar o barulho que surgiu à noite no quintal, calcular as próprias despesas, não só marcar as próprias consultas como ainda por cima explicar os sintomas. Sua mãe fazia isso melhor que você. Seu pai levantava à noite para conferir se o portão estava fechado.
O primeiro passo para ser adulto é executar esse desligamento. Às vezes, é suave como um curativo sendo retirado devagar, às vezes é brutal, como puxar a cera sobre a pele. Para algumas pessoas é questão de saúde física e mental, até mesmo de segurança, para outras é a parte mais dolorida de crescer. Para mim, foi um pouco suave, mas ainda incômodo. Quando você ainda não tem ninguém para quem ligar quando surge um problema, ser adulto é cansativo, mas você sabe que faz parte.
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