De toda a vida que idealizei ter aos trinta anos, os únicos pontos que se concretizaram foi ter conseguido um emprego por meios próprios – e não por agrados feitos a quem eu não gostaria de agradar – e ter acesso à leitura e tempo para ler. Porque isso também é uma conquista, quiçá um privilégio.
A minha pequena biblioteca pessoal é modesta, cerca de cinquenta ou sessenta títulos, mas poder adquirir os livros que quero e até mesmo investir em uma edição melhor é fruto do poder aquisitivo que nem sempre fez parte da minha vida. Quando mais nova, um dos meus sonhos era poder comprar livros e hoje ainda sonho em expandir e aperfeiçoar a minha vida literária.
Leia também O dia em que tudo começa pra valer
No que tange ao emprego, já comentei em outros textos desta série que não é o emprego dos sonhos, mas me proporciona algo que apenas a via do concurso público pode oferecer, uma posse verdadeira e legal do seu cargo. Não ficar à mercê de abusos, chantagens ou fingimentos para se manter ali. Como tudo na vida, há prós e contras, eu gosto mais dos prós do que me incomodo com os contras.
No mais, os trinta anos estão bem longe de ser como eu imaginei que seriam. Conquistei pouco, explorei pouco e investi bastante, sem, no entanto, vislumbrar o retorno, ainda que distante, no horizonte. Uma sensação de nadar, nadar, e morrer na praia, com a areia grudada no meu corpo e o sal impregnado na minha boca. O sol é quente acima de mim, mas pelo menos o céu ainda está azul.
One Comment
Pingback: