O dicionário conceitua epifania como percepção do significado essencial de alguma coisa, ou pode ser compreendido também como manifestação ou aparição divina. Ouso dizer que tive uma epifania quando olhei para uma nuvem no céu e senti mais do que nunca a presença de Deus. Parece meio cartunesco inferir que Deus está sentado sobre uma nuvem, mas aquela foi uma visão muito clara para mim de que Ele estava por perto.
Nem sempre mantive uma vida religiosa. Por muito tempo, fui aquele tipo de sujeito que dizia “basta ser uma pessoa boa, não precisamos de Igreja para isso” seguido de uma risadinha soberba e vazia. Vazia porque hoje eu sei que não existe nada que possa te preencher como o amor de Deus e esse amor fica cada vez mais forte quando sua vida está sustentada em uma religião séria.
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Durante um momento muito difícil da minha vida, eu sabia que não suportaria passar pelo vale das sombras sozinha então fui em busca do meu Pai. Era batizada na Igreja Católica e sabia que deveria voltar para lá, não à espera de grandes revelações, visões de anjos ou milagres instantâneos – o milagre veio alguns anos depois -, mas na certeza de que eu precisava de um lugar firme para me apoiar enquanto todo o resto desmoronava.
Falho na minha vida cristã talvez mais do que falhava quando não me importava com ela, cometo erros estúpidos, sou preguiçosa, não rezo direito, não sou boa uma católica e ainda tenho tanto a me consertar que só a misericórdia infinita de Deus pode ter compaixão de mim. E é aqui que reside toda a diferença. Antigamente, no meio da desesperança, do desconsolo e da autoflagelação, eu não via saída, eu não tinha noção de que Cristo de braços abertos na cruz é não só o melhor como o único lugar onde as feridas são curadas. Não há outro caminho onde valha a pena viver.
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