Uma frase de Sully Prudhomme diz assim: “Talvez não temamos a morte porque o tempo se compõe de uma série de instantes infinitamente curtos durante os quais estamos certos de viver”.
Esses dias, a morte passeou entre pessoas conhecidas e foi como aquele aviso de cobrança que chega embaixo da sua porta depois de você muito ignorar as dívidas não pagas. Um lembrete: “não é porque você finge que eu não existo, que eu não estou aqui”.
De todas os fatos certeiros da vida, a morte é o mais confirmado, e, curiosamente, o mais ignorado e o mais temido. Ao mesmo tempo em que se morre de medo de morrer, se vive como se não fosse morrer nunca.
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Todo medo de morrer esconde uma culpa e uma covardia. “Muitos foram os meus erros”, e nenhuma pretensão de se arrepender. “Não posso morrer agora porque ainda há muito o que fazer”, e quando o sol se põe nada foi feito. Raramente se diz: “Tudo bem, eu estou pronto”.
Do outro lado, o peito para encarar a morte costuma esconder um egoísmo ou um desleixo. “Tanto faz, eu fiz tudo que queria”, o pior jeito de viver. “Será até melhor, que aconteça logo”, e não há nenhum cuidado consigo mesmo e nem com os próximos.
A morte é sempre um trem que pegando adiantado ou chegado atrasado, passando por uma vista bonita ou só atravessando tunéis escuros, você entra e vai até o final. Resta saber com que tipo de bagagem você irá embarcar.