Talvez uma das situações mais difíceis de se viver na era das distrações seja aquele momento em que o sujeito precisa entrar em confronto consigo mesmo, iniciando e mantendo um embate com as próprias emoções.
É fácil sentir alegria, saborear o sentimento de júbilo, porque o riso sai fácil, a musculatura do rosto está relaxada, o corpo não pesa e a alma não se comprime. Mas quando vem a tristeza, a angústia ou o desamparo, muito mais penoso é bater no peito e dizer “deixa vir”. Porque vem cheio de espinhos, queimando a pele, apertando o pescoço, beliscando, batendo, soprando frio, estremecendo o nosso interior sem que nada possamos fazer.
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Nem todo mundo quer atravessar esse chão de cacos de vidro, por isso nos distraímos com as telas, o álcool, as músicas altas e as mentiras confortáveis que brotam do nosso próprio interior. Qualquer situação é melhor do que sentir um peso atrás dos olhos.
Mas para passar é preciso sentir, é preciso ir caminhando sobre o vidro e seguir em frente. Um pouco de cada vez, ou de uma vez só, é preciso deixar vir porque lá no fim, do outro lado, geralmente tem um copo de suco de laranja com bastante gelo.
“Sabia que esta tristeza, por mais chocante que fosse, precisaria ser vivida até o fim”. (Razão e Sensibilidade)
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