Sinopse
Uma adolescente é brutalmente assassinada numa cidade do interior dos Estados Unidos em 1964. No mesmo dia e horário, John, Marcella, Ronaldo e Tangjo têm a percepção sensorial de que estão participando do crime, mas cada um deles está em uma cidade diferente e não se conhecem entre si, tampouco sabem o que está acontecendo com a verdadeira vítima naquele momento.
Resenha
Eu me empolguei muito com o início desse livro pela originalidade e pelas mil e uma possibilidades que poderiam aparecer com o desenrolar dele. Mas o autor começou a destrinchar a história de cada um dos personagens e o crime foi ficando meio esquecido.
John e Tangjo moram nos EUA. Tangjo é uma coreana refugiada na América que sofreu muito no seu país de origem, e quando entra na universidade conhece Carlos Augusto, seu futuro marido. Marcella e Ronaldo moram no Brasil, Marcella é publicitária e vive entre o Rio de Janeiro e São Paulo, onde mantém um relacionamento abusivo com o noivo Juan. No Rio, trata o relacionamento com seu amante Jonas na linha da manipulação.
Ronaldo, paulista, se encontra desempregado e morando de favor na casa de um amigo depois que se separa da mulher e fica longe do filho. Sua vida só volta a entrar nos eixos quando começa a namorar Helena, uma jovem muito bonita e muitos anos mais jovem.
“E, como acreditam algumas pessoas, a previsão do Mal é, já sua própria manifestação”.
Em cada núcleo desse há um desenvolvimento de trama que, na minha opinião, se alonga demais. Marcella, por exemplo, sofre violência doméstica e não entende a problemática disso, recusando-se a se separar do noivo e encontrando nela a culpa de tudo que sofre. Essa história é contada nos mínimos detalhes, assim como a de Ronaldo, que além de embarcar em um novo relacionamento, tem longas e cansativas conversas sobre o cenário político e econômico brasileiro.
Na verdade, essa contextualização é sólida. Em um país recém-abatido pelo golpe militar, podemos sentir através dos personagens tudo o que está acontecendo e como eles absorvem os eventos. Enquanto seu amigo Alberto acha que tudo logo vai passar, Ronaldo consegue ver as consequências a médio prazo. Porém, a cada diálogo, a trama vai se distanciando mais do evento principal.
“- […] Muitos pensam que, perante nossa Constituição, todos os homens nascem iguais; só que alguns nascem muito mais iguais do que outros!”
Evento esse que só vem a ser explicado no final, quando o destino trata de juntar os quatro em um encontro de trabalho. Mas ainda assim é tratado como uma conversa entre tarefas, sendo esmiuçado aqui e ali, aos poucos, entre, veja só, mais e mais conversas sobre religião, sociedade, política, etc…
O texto é excelente, mas a história é confusa e bagunçada. Eu esperava muito a exploração do sobrenatural e a resolução do crime, mas acabei perdida do meio para o final.
Cabra-cega venceu o Prêmio Jabuti na categoria romance em 1999.
Sobre o autor
Carlos Nascimento Silva nasceu em 1937 em Varginha, no interior de Minas Gerais. Escreveu, desde os 14 anos, pequenos contos, poesias e crônicas, antes de se aventurar no romance. É mestre em literatura brasileira e professor aposentado da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Criado no Rio de Janeiro, começou a escrever poemas, pequenos contos e crônicas aos 14 anos. Admirador de Leon Tolstoi, Thomas Mann, Guimarães Rosa e Machado de Assis, chegou a perder um ano escolar porque, em vez de ir para o colégio, devorava livros, escondido, na biblioteca de sua avó. (Fonte: Skoob)
Sobre o livro
Título: Cabra-cega
Autor: Carlos Nascimento Silva
Ano: 2000
Editora: Relume Dumará
Páginas: 252
Avaliação: 3/5
Você pode encontrar esse livro clicando aqui (esse link leva à loja da Amazon, e comprando através dele eu ganho uma pequena comissão sem custo adicional para você)
2 Comments
Janaina
Oie,
Vi uma postagem no face… e por amar histórias de assassinatos, vim correndo ver a resenha… Afinal Cabra-cega é uma brincadeira da nossa infância e que da sugestão a um grande mistério. Só não achei válido, ser um autor brasileiro, e a história se passar nos EUA… mas vou ler e volto para contar o que achei…
Bjus Lunares
Sabryna Rosa
É mais ou menos metade-metade, metade lá, metade aqui. Eu achei que faltou mais foi o mistério kkk mas leia e vamos conversar sobre <3 Até mais!