Sinopse
Século XIX. Inocência e seu pai, o mineiro Pereira, vivem de modo simples no interior do Mato Grosso. Durante uma caminhada, Pereira conhece Cirino, um farmacêutico que vive de vila em vila atendendo pacientes e receitando remédios. O encontro torna-se uma feliz coincidência por acontecer justo quando sua filha está doente e sem perspectiva de melhoras. Pereira convida Cirino para se hospedar em sua casa e tratar Inocência.
Resenha
Obras dessa época não têm uma linguagem fácil, ainda mais quando carregam o vocabulário típico do interior. Porém, superada essa barreira, é uma fonte rica para conhecer os costumes e a cultura do Brasil nas terras distantes dos grandes centros.
Inocência não tem esse nome à toa. Órfã de mãe desde criança, ela foi criada pelo pai com zelo e sem muito conhecimento do mundo enquanto era preparada para o casamento. A função de Pereira é preservá-la e encontrar um bom marido, tarefa essa já cumprida desde o começo do livro quando sabemos que Inocência está prometida a Manecão.
“No meu parecer, as mulheres são tão boas como nós, se não melhores; não há, pois, motivo para tanto desconfiar delas e ter os homens em tão boa conta…”
Cirino apaixona-se desde a primeira consulta. A beleza de Inocência, seus gestos simples e discretos, seu olhar sensível, tudo isso arrebata o coração do pobre farmacêutico – que se apresenta como médico – que nada pode fazer senão se manter distante e respeitar o compromisso que ela já tem com o noivo. Mas chega um ponto em que o amor platônico dói demais e ele se declara, recebendo, para sua felicidade, a correspondência do sentimento.
Os encontros escondidos vão aumentando a urgência que o casal tem de viver junto, mas como enfrentar a dureza do pai e a honra de uma palavra dada? Esse é o grande desafio de Inocência e Cirino.
“Amor é sofrimento, quando a gente não sabe se a paixão é aceita, quando se não vê quem se adora; o amor é céu, quando se está como eu agora estou”.
Um elemento curioso nessa história é que um segundo hóspede aparece na casa de Pereira. Um alemão chamado Meyer que viaja o Brasil em busca de descobrir espécies novas de inseto e catalogá-las para o governo do seu país. Ele e seu ajudante passam bastante tempo na casa do mineiro, torrando sua paciência pelos elogios constantes à Inocência, mas acrescentando pouca coisa ao conflito principal. Digo, no final da história, embora uma ação sua feche o livro de maneira bem dramática, quem se importa com Meyer?
Outro fato que me chamou atenção é o julgamento destoante dos demais que Cirino tem sobre as mulheres. Enquanto todo mundo as vê como um mero acessório da casa e do marido, Cirino acha que elas valem muito mais e que não deveriam ser reduzidas a uma função tão desmerecida. Essa valorização é estendida a Inocência, que sequer sabe ler e escrever por ser absurdo demais.
Sobre o autor
Visconde de Taunay (Alfredo Maria Adriano d’Escragnolle Taunay), engenheiro militar, professor, político, historiador, romancista, teatrólogo, biógrafo, etnólogo e memorialista, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 22 de fevereiro de 1843, e faleceu também no Rio de Janeiro em 25 de janeiro de 1899. Taunay foi um infatigável trabalhador, patriota, homem público esclarecido e apaixonado homem de letras. Teve a plena realização do seu talento no terreno literário. Sua obra de ficção abrange, além do romance, as narrativas de guerra e viagem, descrições, recordações, depoimentos, artigos de crítica e escritos políticos. Foi também pintor, restando dele telas dignas de estudo. Era grande apaixonado da música, tendo deixado várias composições. Estudioso da vida e da obra dos grandes compositores, manteve com escritores e jornalistas polêmicas sobre essa arte, notadamente com Tobias Barreto. (Fonte: Academia Brasileira de Letras).
Sobre o livro
Título: Inocência
Autor: Visconde de Taunay
Editora: Mogui Classics
Avaliação: 3/5
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