fbpx
  • Bastidores

    #10 Meus livros e filmes preferidos

    A maioria das pessoas que leva sua formação literária a sério sabe o quão fantasioso, ou pelo menos difícil, é elencar uma lista, seja grande ou pequena, de livros favoritos. Sim, eu posso dizer que meu livro que encabeça essa lista é O apanhador no campo de centeio, mas dependendo do dia, do meu humor, eu até penso em trocá-lo de lugar com outro. Não sei, é como escolher de quem você gosta mais da sua família quando você ama todos igualmente. Meus cinco livros favoritos  Leia também #9 O sol se põe a hora que quer Fui educada cinefilicamente com Sessão da Tarde e com filmes alugados na sexta-feira…

  • Bastidores

    #9 O sol se põe a hora que quer

    Moro em uma cidade litorânea e um passeio muito comum entre os moradores daqui é assistir ao pôr-do-sol na praia. Há dias em que realmente está espetacular e há dias em que as nuvens ficam com ciúmes e nos impedem de ver, como um vigia de circo que descobre que você está espiando pela brecha da lona. Então, em um sábado ensolarado qualquer, você decide ir até à praia no fim de tarde, pega o carro e desce as avenidas largas da Beira-Mar até perceber que todo mundo teve a mesma ideia que você. Não tem lugar para estacionar, não tem uma cadeira vazia em uma barraquinha de água de…

  • Bastidores

    #8 O meu trabalho dos sonhos é qualquer um 

    Quando eu era criança, eu não sabia muito bem o que eu queria ser quando crescesse. Agora que cresci, continuo não sabendo. Uma das minhas maiores crises existenciais aconteceu no meio da faculdade, quando me dei conta de que não queria ser jornalista nem quando saísse dali e nem em qualquer outro tempo. Hoje, sou jornalista há cinco anos.  Todo mundo tem uma profissão dos sonhos? Eu nunca tive. Nada nunca me brilhou os olhos como eu via os olhos das outras pessoas brilharem com, por exemplo, as carreiras jurídicas, as militares; ou com a possibilidade de trabalhar com a terra, com os animais; ou quem ainda sabe dar aulas,…

  • Bastidores

    #7 O mundo é grande, as possibilidades também

    O meu poema favorito fala sobre amor. Eu te amo porque te amo, não precisas ser amante e nem sempre sabes sê-lo. Eu te amo porque te amo. Drummond tenta enumerar As Sem-Razões do Amor mas propositalmente não obtém êxito porque amor é dado de graça. Todos os meus amores não correspondidos – e eles estão em muito maior número do que os correspondidos – foram dados de graça. Romântica que sou, nutri a ânsia de me apaixonar desde cedo e desde cedo quis escrever uma história que valesse a pena ser contada. Não esperava esbarrar em um garoto no corredor da escola – como nos filmes mais básicos -,…

  • Bastidores

    #6 Medo do escuro

    A minha vida foi recheada de medos. Posso dizer que boa parte dos problemas que já tive foi por medo de alguma coisa. Coragem nunca foi o meu forte, é o parafuso que a cegonha deixou cair quando me transportava até a minha casa.  O mais bobo deles é o medo do escuro, mas também é o medo que resume todos os outros. Quando criança, morei em uma casa onde o meu quarto ficava bem longe do único banheiro e eu tinha pânico de atravessar todos os cômodos para chegar até lá. Bom, você já pode imaginar o que acontecia no meio da madrugada. Mas eu não tinha – não…

  • Bastidores

    #5 Conta comigo

    Um dos filmes mais cativantes sobre amizade a que eu já assisti foi Conta Comigo (1986), inspirado no livro The Body, de Stephen King. No enredo, um grupo de quatro amigos sai em busca do corpo de um garoto desaparecido motivados pela aventura e curiosidade de testemunhar um episódio assim. Na caminhada até onde o corpo se encontra, eles refletem sobre amizade, maturidade e crescimento. Um dos maiores privilégios que você pode ter em vida é ter bons amigos. Eu, particularmente, fui muito abençoada nesse sentido. Tenho amigos da infância, da adolescência, da vida adulta, da escola, da faculdade, do trabalho, da internet, da academia e até de uma ou…

  • Bastidores

    #4 Se eu tivesse feito diferente

    A minha primeira grande lição de vida veio aos dezessete anos de idade, no dia do resultado do vestibular. Fui uma aluna mediana no ensino médio, boa em Português, Redação e Literatura (por isso você está aqui), e muito ruim em Física, Matemática e afins (por isso eu calculo os dez por cento do garçom no calculadora). Acontece que em algumas circunstâncias é preciso se concentrar mais no que se tem de fraco no que se tem de forte porque você irá precisar que tudo jogue ao seu favor para se sair bem. Não entremos no mérito do sistema de avaliação brasileiro ou de como as estruturas escolares são construídas…

  • Bastidores

    #3 Viagens e companhias

    A primeira vez que viajei sozinha senti um misto de autonomia com solidão. Era um voo de madrugada, eu não tive quem me levasse ao aeroporto e, com aquele medo que é privilégio das mulheres, saí de casa bem cedo para evitar carros de aplicativo tarde da noite. Ainda faltavam algumas horas para o embarque e eu fiquei ali no canto do saguão observando os passageiros indo e vindo. Uma cena de que gosto muito de observar é pessoas chegando ou saindo de algum lugar – talvez por isso eu goste tanto daquela música da Maria Rita. Leia também #2 Não é como eu queria, mas é Será que aquele…

  • Bastidores

    #2 Não é como eu queria, mas é

    Eu acredito que o imaginário pode definir quem você será e o que você irá fazer da sua vida. Preferências, planos, ambições, tudo desabrocha mais bonito quando você tem um imaginário preenchido por coisas boas. Aos 20 anos, o meu era da extensão de um clipe e toda a minha vida se resumia em me preocupar com os afazeres da faculdade. Eu olho para esse tempo e vejo apenas um borrão. Antes disso, eu sabia que não queria levar uma vida adulta no automático. Me arrepiava imaginar uma vida mecânica que se sustentava em ir para o trabalho – um trabalho do qual eu não gostasse muito -, pegar horas…

  • Bastidores

    #1 Do que eu me lembro quando me lembro de ser criança

    Quando exatamente eu deixei de ser criança? Talvez se puxar um pouco na memória eu até sei. Foi no dia em que desenhamos uma amarelinha no chão e ninguém quis mais brincar.  Havia duas garotas mais velhas na nossa turma e elas já não participavam das brincadeiras conosco. Elas se sentavam em um canto, cochichando e esperando aquele menino passar de bicicleta. Lembro-me dele. Magro, cabelo loiro bagunçado e o rosto com muitas espinhas, como um adolescente comum. Acho que uma garota deixa de ser criança no dia exato em que não quer mais brincar para não se desarrumar. Como diz a música, toda menina que enjoa da boneca é…

Sabryna Rosa