Sinopse
Anne Elliot é a filha caçula de uma família de prestígio e no passado teve um romance com Frederick Wentworth, um homem sem posses na época. Dada a diferença de classe social, Anne foi influenciada pela família a terminar a relação. Oito anos depois os dois voltam a se encontrar e encaram os constrangimentos e sentimentos mal resolvidos.
Resenha
Um romance onde os dois estão cada um na sua, sem insistirem um no outro e nem se fazendo de parte prejudicada na história, é um ponto de partida interessante. Wentworth guardou por anos sua mágoa, mas não deixou de ser cordial e cavalheiro com Anne ao reencontrá-la. Ele se tornou capitão e acumulou fortuna, passando a ser aceito com mais simpatia nas altas rodas sociais, o que os reuniu em espaços próximos outra vez.
Anne foi persuadida por Lady Russell, uma amiga íntima da família que passou a ser figura materna de referência depois da morte da mãe, a não prosseguir com um relacionamento que certamente não seria bem visto pelos outros e nem aprovado pelo pai. Não foi necessariamente por maldade, mas por reflexo de um comportamento comum por ali. Isso também não me deixa em posição confortável para julgar Anne, dada a imaturidade da época, a família que tem, e sua criação altamente elitista.
Conforme Anne e Wentworth vão se aproximando, um espaço desconfortável entre os dois vai se construindo a partir de cumprimentos dados por pura educação e dúvidas que vão surgindo, como “Será que ele ainda está magoado?”, “Será que está apaixonado por fulana?”, “Será que tem reparado em mim?”. A narrativa está em terceira pessoa, mas inteiramente do ponto de vista de Anne, que não se retrai da presença de Frederick, mas também não se esforça muito para ser notada. Algo bem no estilo “deixa rolar”.
A crítica à arrogância e elitismo é bem explanada, típico de Jane Austen, através da moral de que dinheiro não significa honestidade e caráter, e que mal-entendidos podem ser resolvidos com diálogos sinceros. E isso é demonstrado não só através dos personagens principais. Pegando esse bonde, preciso destacar o quanto as cenas são bem construídas, com seus diálogos e descrições na medida certa, e seus objetivos bem definidos.
É um romance que tem seus dramas, mas é leve. Os pontos mais altos são um acidente de uma amiga de Anne, decorrido de uma brincadeira mal executada, e a revelação de que um parente próximo seu não é bem quem diz ser e tem má intenções. O restante do livro são passeios, rodas de conversa, concertos, visitas, e planejamentos matrimoniais. Fiquei um pouco confusa com o parentesco dos personagens, são muitos, e parava da leitura de vez em quando para me lembrar quem era irmã ou filha de quem.
Infelizmente, a edição da Editora Pé da Letra está com muitos erros de digitação e alguns de ortografia. Uma pena, porque achei a capa um charme. Dessa mesma coleção ainda tenho Razão e Sensibilidade para ler nos próximos dias.
Persuasão foi adaptado duas vezes para o cinema, sendo a última em 2007.
Sobre a autora
Nascida em 16 de dezembro de 1775, em Steventon, Hampshire, na Inglaterra, Jane Austen é considerada uma das importantes personalidades femininas da literatura mundial. Filha de Cassandra Austen e do reverendo George Austen, foi a segunda mulher dentre sete irmãos. O contato com os livros começou ainda cedo através da biblioteca de seu pai, um leitor voraz. Seu primeiro livro mais bem-acabado (Lady Susan) foi escrito aos dezenove anos. Em 1797, ela finaliza seus dois principais romances, Razão e Sensibilidade (1811) e Orgulho e Preconceito (1813). Ela também publicou Mansfield Park (1814), e Emma (1815) e dois livros após sua morte, Persuasão e Sanditon. A escritora morreu em 1817. (Fonte: Ed. Pé da Letra)
Sobre o livro
Título: Persuasão
Autora: Jane Austen
Ano: 2018
Editora: Pé da Letra
Páginas: 232
Avaliação: 4/5
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2 Comments
Raquel
Que ótima resenha! Me fez pensar em como seria um livro escrito pela perspectiva do Capitão Frederick Wentworth. Também tenho um blog, e o primeiro sobre o qual escrevi foi Persuasão! Já entrou para a minha lista dos favoritos!
Sabryna Rosa
Esse livro é bom demais. Obrigada por sua leitura!