fbpx
  • Bastidores

    #21 Como é ser feliz?

    Quando você é criança e escuta pela primeira vez que os personagens dos contos de fadas foram felizes para sempre você imagina que a partir dali se estenderá uma condição permanente de júbilo. Felizes para sempre… sempre… nunca mais serão tristes, apenas felizes, para sempre. A felicidade, no entanto, pode durar menos que uma xícara de chá. Você prepara um sabor novo e o primeiro gole desce quente e adocicado. Na metade da xícara, a bebida já está meio fria e você descobre um amarguinho lá no final da língua, pronto, já se acabou a felicidade de degustar. Leia também #20 A literatura e a minha vida A felicidade pode…

  • Bastidores

    #20 A literatura e a minha vida

    Certo dia, perguntaram-me se a leitura era o meu passatempo e eu respondi que não, que a leitura fazia parte de quem eu era e que eu considerava como passatempo outras atividades, como ver filmes, pedalar na praia ou tomar um café em uma franquia ruim de shopping. Eu defendo que a leitura seja um pedaço da vida de qualquer pessoa como a profissão é, como a vida social é ou como a religião é; obviamente não com o mesmo tamanho, mas ainda assim um pedaço. Sempre que me perguntam como adquirir o hábito de leitura, eu respondo que deve ser tratado como algo que se faz com regularidade. A…

  • Bastidores

    #19 A rotina como uma bússola

    Aquela música do Chico Buarque começa assim Todo dia ela faz tudo sempre igual… e segue narrando o cotidiano de um casal comum, uma vida simples e rotineira. Gosto dessa música porque rotina não é uma coisa ruim. Planejar o que vou fazer no dia não me passa a sensação de controle, mas de segurança. Uma vida desorganizada é um desperdício, assim como se ocupar sempre do inútil é uma afronta ao tempo precioso que Deus nos dá. O tempo escorre pelas nossas mãos como água que jorra da torneira e não volta mais. Quando tomei consciência de tal realidade, busquei me preencher com o que fosse proveitoso, não porque…

  • Bastidores

    #18 Meninas-Tumblr

    Eu amo internet e amo escrever. Tive conta em todas as plataformas de blog que surgiram por aí e sempre experimento uma rede social nova, ainda que acabe não me agradando para ficar com ela. O que sempre me encheu os olhos, porém, foi espaços como o Blogspot, o WordPress e o Tumblr. A era Tumblr foi encantadora para quem viveu a adolescência com uma certa poesia diante dos olhos. Era um mundo à parte, com fotos em tons vintages e frases do Caio Fernando Abreu. Uma menina-tumblr podia ser reconhecida de longe e, com sorte, ela ainda tenta sobreviver por aí com o Pinterest como refúgio. Leia também #17…

  • Bastidores

    #17 Podemos tocar o infinito

    Desde muito jovem nutri um interesse pelo incomum; não o incomum esquisito, grotesco, e sim o incomum como sinônimo de infrequente, ou, em outras palavras, aquilo sobre o qual não se falava muito, ou não se falava de jeito nenhum. As pessoas ao meu redor costumavam consumir os mesmos conteúdos, se interessar pelos mesmos assuntos, desejar os mesmos desejos e frequentar os mesmos lugares. Eu tinha curiosidade em saber o que havia além da borda desse círculo. Na minha cidade não havia teatro e eu tinha muita vontade de entrar em um e assistir a um espetáculo. Por causa disso muitas vezes fui – e ainda sou – taxada de…

  • Bastidores

    #16 Trinta anos e uma biografia

    Biografia é um gênero literário que nunca me atraiu. Certo dia, por pura curiosidade, comecei a ler a biografia do Assis Chateaubriand, o magnata brasileiro das comunicações, um personagem do qual eu tinha ouvido falar por alto e por quem não nutria nenhum tipo de interesse. Continuo não nutrindo, mas me vi fascinada pelo texto de uma biografia. Os fatos narrados, a pesquisa do biógrafo, a história do Chateaubriand sendo costurada à história do Brasil, foi um tipo de leitura nova e surpreendente. O mesmo se deu quando li sobre C. S. Lewis e sobre Max Perkins, um dos maiores nomes do mercado editorial americano. Em algumas centenas de páginas…

  • Bastidores

    #15 Os sonhos são feitos de quê?

    Numa determinada sessão de terapia, a psicóloga perguntou quais sonhos eu tinha e eu respondi que nenhum, zero – nada inflava meu peito. Otimista que era, ela me disse que não se podia viver assim e pediu que eu elencasse cinco sonhos em uma folha de papel. A muito custo, listei quatro, todos tão aleatórios quanto dizer que um urso polar tem como sonho enfrentar uma fila no Detran do Maranhão. Já ouvi dizer que somos feitos da substância dos nossos sonhos, mas quando não se tem sonho nenhum significa que você é oco? Por um lado, até que não é tão ruim porque você pode pegar uma coisa oca…

  • Bastidores

    #14 Me dê dez anos, mas eu escolho quais dez

    Há dez anos, eu achava que tinha todo o tempo do mundo e, de repente, o tempo passou e eu não vi. Pego-me olhando para trás, pensando o que eu fiz neste intervalo e me vem uma sensação de desperdício, como se tivesse deixado uma torneira aberta e me distraído com qualquer coisa lá fora. Quando dei por mim, estava inundada.  Mais do que ser um clichê, desejar voltar no tempo para tomar decisões diferentes é, sobretudo, inútil, porque de qualquer forma eu me arrependeria de errar, só seriam erros diferentes. Talvez menores, talvez menos prejudiciais, mas ainda erros. Não existe uma vida anestesiada onde você empilha todas as cartas…

  • Bastidores

    #13 Perdas e ganhos

    Neste texto, para cada história de fracasso, uma história de vitória. Lembram do Soletrando? O quadro do Caldeirão do Huck em que crianças soletravam palavras? Mais ou menos aos doze anos de idade fui selecionada para a etapa estadual e errei a primeira palavra. Eliminada. Aos dez anos, ganhei meu primeiro concurso de redação. Estudei boa parte da minha vida em escolas públicas e no ensino médio fui transferida para uma escola particular, onde na primeira prova de História acertei apenas uma questão. Aos dezenove anos, ganhei um prêmio literário e publiquei meu primeiro livro. Não consegui passar no vestibular quando todo mundo passou. Mas não reprovei na minha prova…

  • Bastidores

    #12 Como descobri a beleza de ser mulher

    Certo dia, em um grupo de whatsapp, fui cobrada por estar ausente das conversas. Era um grupo apenas de mulheres, e eu, muito educadamente, justifiquei-me: “Vocês estão sempre falando sobre roupa e maquiagem, eu acho muito chato”. Se abrir a minha necesáire agora, tudo que tem dentro dela são dois ou três batons, um pó compacto, um blush e uma máscara de cílios. Tem também dois pinceis que ganhei da minha irmã – de uma coleção de vinte que eu não saberia como usar, mas ela sabe. Minha maquiagem do dia a dia é quase imperceptível de tão básica que é. Já tentei aprender a me produzir melhor, mas não…

Sabryna Rosa